terça-feira, 15 de outubro de 2019

Livro A banda toca Buarque

A Banda Toca Buarque


Poesias


Ateu Poeta/Aroldo Historiador/ Amadeu Nuvem


1
A BANDA TOCA BUARQUE

Quando a banda toca
À toca toda dá matiz
Desde a matriz
Toca o meu coração como pipoca
Que pula feito aprendiz

Faz movimento sem igual no país
O Rio de Janeiro canta pela paz
A paulistana bainice do samba de raiz
Todo mundo brinca, baila e bole feito bamba
De Fortaleza ao Planalto Central

Cada esquina com o seu carnaval
O frevo pernambucano ferve pela verve
O sangue capixaba e mineiro
De Rondônia ao Rio Grande do Sul
Todo ano se torce e se tece

De forma tal
Que o Brasil se sente inteiro
Seja em forró, fandango ou funk
Amarelo, verde, vermelho ou azul
Cada gota de dor estanque se esquece

Em Chico Buarque de Holanda
Na Rua Augusta ou em Copacabana
Ou seja lá aonde anda ainda a onda  
Sonora tão bacana
Sob a qual toda a tristeza fenece

Ateu Poeta
09/05/2016

2
SOBRE MOINHOS DE VENTO

No dia em que as lágrimas secarem
Eu não saberei quem sou
A sanidade irá embora
Pois não existe aurora pela metade

  • Nada resta além de saudade
    Atestam o mínimo de humanidade
    A luta, o luto e a necessidade
    De se ter lealdade ao próprio coração

    O soneto se cria da intensidade
    É a chama da verdade que vira canção
    Sonhar também é uma prioridade
    E que os moinhos de vento estejam todos lá

    Assim, um dia alguém dirá
    Que eu vivi de verdade

    Ateu Poeta
    02/01/2016
3
BOMBA H 

Nas mansões dos grandes chefões
Têm muitos carrões 
Particulares aviões
Para vis expedições 
Peregrinações
Granadas, mísseis e canhões
A moda é criar chavões
Principiar as explosões
Terrorismo invade as repartições 
Soltaram os escorpiões
Onde estão os corações
Que inventam canções?

De Bangladesh a Paris
Ninguém diz que é feliz
Bandido hoje é juiz
Mar de lama meretriz
A cama tudo contradiz
E a grana agarra a perdiz
Rapina rápido a matriz
Filiais e pó de giz
Arquiva as provas por um triz
Sem tremer nem o nariz
Arranca ramo e raiz
Suga o sangue e pede bis

Pela pelos, pele e perfis
Pela pátria imperatriz
Petróleo jorra em chafariz
Párea regra de Sarrus
Tudo é crise nos jornais
Triunfos viram carnavais
A navalha fere o cais
O vermelho já não pode mais
Que todo o mau descanse em paz
Aliteraram os litorais
Liteiras levam livros tais
Paralelos elos aos rivais

Cães nas câmaras quais
Ladram ladrões gravatais
Nem sempre cordiais
Gravatás grasnando temporais
Greves gravitacionais
O tempo é têmpora e vai embora
A aurora ancora seus rituais
Apolo inspira sãos e insanos
São tantos planos fenomenais
Por debaixo dos panos
Nas escotilhas
Tiros, detritos

Tristeza e atritos
Tudo vira ilha
De Detroit ao Vaticano
Todos entram pelo cano
A libido da Líbia chega ao Brasil
A tragédia de Biquíni jamais se extinguiu
Destrói a História quem jamais existiu
A flâmula afunda vidas no Ganges
A fé mata em massa, aos milhões
O prego prega com a Bíblia na mão
Vedas no ventilador
Corão causa imensa dor

Cega retaliação
E assim caminha a religião na relva
A selva das fogueiras é a trepanação
Nada é proibido pela cobiça de Alá
Ou para expandir as fronteiras
Deus nunca esteve lá
Apenas o adeus
Que fez presidente chorar
No olho do caos
Na boca do tubarão
Brilham riquezas
Avarezas

Sonegação 
Negar a verdade
Polir a vaidade
Grega segregação
A sociedade adora sofrer
Cartéis de cruéis coronéis
Dão as podres cartas 
Do carrasco poder
Sem a menor saciedade
Mesmo assim
Os senhores da guerra
Morrem de medo de perder

Ateu Poeta
08/01/2016

4
BANDEIRA NEGRA

Merecemos mais educação
Cérebros em erupção
Na era da informação

A real revolução 
É criar evolução

Esqueça a sua intuição
Procure instrução
Seja na computação
Ou no seio da canção

Chega de destruição!
Balas perdidas sem função
Tirando vidas à traição
Explosão na conjunção
Na conjuntura da radiação

Catástrofes abissais da equação
Notícias mais sangrentas que filme de ação
Não existe James Bond na estação
Para Cunha, Samarco e marcos da fruição

Tudo se compra e todos se vendem na fração
No bingo, no pregão e no balcão
Peças no bolso do barão-cação
Caçadores à espreita em estreita condição

O mundo mudo planta mudas da corrupção
Como é possível tanta convicção?
O fanatismo só afina a sua funesta dicção
A paz aqui jaz no discurso da contradição
Jazz do jamais e a lama no meu coração

Ateu Poeta
16/01/2016

5
-IDADE-VALSA

A matéria dança 
Na densidade
Idade-valsa
Falsa mudança

Ateu Poeta
12/01/2019

6
INVERNO ASTRAL

O aquém do caos não é aqui
Aquilo ali além da lei
A lá Ninsei
Nonsense sem sensei

A vaidade que há em ti
Faz a primavera em si
Aflorar a fruir
So far away

Só farei Sol
Só sol e fá, hey!
Rei que não sou
Do Rock'n'roll

Quando a tempestade cair
Não mais será verão
No meu coração
Que o vulcão partiu

O blues do céu da tua boca
Deixa minha mente oca
Será que soul
No funk de Foucault

O Kant que dificultou o canto
Da poesia de Platão?
Dancei sóbrio burbom 
No batom do teu botão

Em noite de neon 
O vetor não vê o fator espectral
Que há no víride do vidro
Do inverno astral

Ateu Poeta
15/01/2019

7
UM SORRISO CASUAL

As coisas de valor não têm preço ou pressa
Por isso eu não me rendo à paixão
Que bate no peito violenta
Flecha febril do céu ao chão
Maldito seja o ser que arremessa
De forma tão vil e sangrenta
Que fere a fogo e arrebenta 
As artérias do coração

Quem menos tem palavra é quem mais faz promessa
A morte mais lenta é viver de ilusão
Todos os mitos são banais
Também os mistérios
Ministérios astrais
Perda de tempo
Cansaço mental
O ideal nasce de metal

Depois vira cristal
Tão frágil e fugaz 
Quanto aquele sorriso
Incisivo, lascivo e casual 
Voando nos braços do vento
A poesia não é nenhum rebento
Mas vícios, liberdade e escravidão
Virtude de voar na prisão

Vulcão com senso de latitude
Latu sensu em plena escuridão
Erupção com redoma em contensão 
É tudo vão no breu 
Todos mofarão no negro manto de Morfeu
Apesar da radiante sedução
Expressa nos teus olhos-xenon
Em cada rara curva do teu corpo-neon

Onde fico sem tom
Perdido de emoção 
No retocar do teu batom
Sob o começo do fim
O universo não para, querubim
Na tua boca de carmim
Mora a minha perdição
Porque o off é muito próximo do on

O prelúdio é um prédio
Sem remédio nem estúdio
O que existe gira inverso
Em prosa e verso
Sob a pena do furacão
Impresso no seio do caos
Neste livro analfabético de hidrogênio
Cais de gênios

Porto de bons e maus
Tanto faz, segundos ou milênios
Para Tântalo é tudo igual
Tártaro, tarântula, tartaruga
Rugas e runas vêm e vão no temporal
Mar colorado de coral
Tarantela de querelas
Querendo big-bang no litoral

Ateu Poeta
17/01/2016

8
MARCHA PRA SATÃ

A marcha pra Satã
É um protesto 
Meio tantã, sei lá
Quem leva a zoeira mais a sério
Quem prende
Ou quem já estava lá?
Mistério
Qual o critério para julgar?
Não há ministério
É coisa de ateu!
Parece mais de Sísifo
Ou mesmo Prometeu
Já que é missão impossível
O Estado Laico o ser realmente
Quando há tanto afluentes cristão
Seria chuva de água benta que caiu?
Alguém riu
Estão com medo de rebelião?
O Inferno se abriu?
Outro explicou
A sua religião é menor
Não troca patuá pelo andor
Pretere o Papa ao pai de santo
A zoeira é de modo tanto
Que religioso foi
Não adoramos o cabeça de boi
Poderia falar quem não acredita
Daí alguém interdita
8 ou 9 brincantes
Ou seriam protestantes?
Novamente, sei lá!
Em São Paulo a cantar
Em louvor do Belzebu inexistente
E o de vermelho será assistente?
É só mais um persistente
Que passa contente
Cantando refrão
No ano que vem quero ver 
Se no dia não chover
A marcha pra São Nietzsche
Que cura rinite intelectual
Não haverá nada igual
É esperar para ver
Se vira factual

Ateu Poeta
18/01/2016

9
SOLDADO INFANTIL

Nenhuma criança-soldado é de ferro
Grande é o berro da quadrilha
Nova explosão
Todo homem é uma ilha
O louco quer ser sempre o mais são
Não passa de mero jargão
O lucro vem no trabuco
Bem na boca do dragão

Ateu Poeta
25/01/2016

10
A FORMIGA E A CIGARRA

Hangar, andar, angariar
Eu não aprendi a rimar
É preciso esquecer
Para não fenecer
Sob o domínio do mar
E viver mais do que reclamar
É inevitável sofrer
E até lamentável
Mas, faz parte do percorrer
Substanciar o verbo
Adverso inverso
Adverbio do cantar
Quem diria que a cigarra é quem trabalha
E a formiga atrapalha?
E olha quem leva a fama de má

Ateu Poeta
27/01/2016

11
POEMA DE SOLIDÃO

A gente não consegue entender
O coração não quer aceitar
Não é a distância o que separa
Cada um sabe o quanto vai sofrer
O que se conquistou faz encantar
Encontrar amizade é coisa rara

Até o Tempo calou
E fez a saudade delirar
Foi a tempestade que chegou
E o mundo para
O teatro acabou
A ribalta se recusa a baixar

O Universo acusa e faz sangrar
Ninguém se prepara
Lá se vai outro coração
A canção chega a transbordar
E de repente a solidão
Está na cara

Entra entre a multidão
E se instala
Feito vírus em ação
Feitor de forte açoite de fúria
O dia é noite
A religião só faz injúria

Em outra ala
A asa quebra
Celebra o que estala
Está lá no fio da mente
Na velha veia da navalha
A liberdade de pensar sempre foi cara

Ateu Poeta
30/01/2016

12
POLIANA

Um dia a arte vem
E quebra todos os padrões 
Fere os tolos corações 
Das feras mais sapientes
Choram reis, faraós e tenentes
Penitentes celebram alheias canções 
Paradoxos vazios imperarão 
Cada jornada é adornada com um jargão 
Estrelas se perdem no pavilhão 
Falsos sóis acendem
Nefastos faróis 
Um mar de lama, Mariana
Política em pauta, Poliana
Meio crise, meio drama
E muitas bonecas de porcelana
Ideias que transcendem no trem
Heresia
Harmonia é melodia pra quem tem
Entre a ironia e o sarcasmo 
O cigarro mata mais cinco milhões 
Meras estatísticas não movem heurísticas 
Medalhões

Ateu Poeta
21/02/2016

13
FLORES AO VENTO

Atire aquela flor ao vento
Aquarela do caos e rebento
Tire o amor do caminho
E cada espinho virará moinho

Delírios virtuais
Desse pergaminho
Criam temporais
Passarinhos em vitrais

Margaridas aos porcos
São carrascos canhões
Que aos poucos mutilam
E matam aos milhões

A fome assola
Cega sede de poder
Na cartola
O mago mente pra vencer

Sua mente é vitrola
Será lavada ao violão
Enquanto a viola
Toca o jogo da ilusão

A paixão demora
E traz seu próprio fel fugaz
Que na aurora
Trai e corre atrás

Sempre em abandono
Servindo no quartel
Feito um cão sem dono
Você sonha em ir pro Céu

Nesse tolo abismo
O cinismo é menestrel
Sem altruísmo
O mundo todo é um cartel

Ateu Poeta
25/02/2016

14
PENSADOR DE CRISTAL

Entre a fé o ceticismo
Há um abismo sideral
Euforia e aforismo
Ante as flores do mal

A elipse ruminante
É delirante ritual
Dínamo e dinamite
Ao pensador de cristal

A existência é um paradoxo
Que nunca para
Atual e ortodoxo
Paixão de berço e mortalha

Ateu Poeta
02/03/2016

15
NÃO ROLA

Acorda, carola!
A boba bola não rola mais
Cheira cola no sinal
Tráfico de drogas em âmbito nacional
Fascismo é abismo
Nacionalismo-cinismo-nazismo 
Quem foi que cunhou esta louca delação?
E a premiação, cadê?
Poesia com sabor de canção
Decide, Delcídio!
Escolhe a tua vertente, serpente!
Quem tem sanidade nada contra a corrente
Porque a liberdade não é dada nem recorrente
Ditadura na boca dos dementes
Bolsonaro mais do que insolente
Temer, golpista, montando a sua quadrilha
O PMDB é uma armadilha
PSDB ladrando com a sua matilha
Não larga o osso
Ócio da escotilha
A bala-mortalha não abala ninguém
O Planalto Central pretende ser uma ilha?
Planta o seu ritual
Pilantras com olhar de desdém 
Eduardo Cunha, O Poderoso Chefão
Está fazendo de tudo para a fundar a nação
Sérgio Moro engavetando a lista
Mais cego que Moros 
E muito menos realista
Um helicóptero de pó sumiu
E ninguém foi pro xilindró 
É esse o meu Brasil? 

Ateu Poeta
26/04/2016

16
A FOICE

A foice de Thanátos só não corta a si mesma
O ciclo sempre se renova
Ciclone em evolução
Dupla hélice 
Duração
Ação das elipses
A vida é eflúvio em ebulição

Ateu Poeta
12/04/2016

17
DELETÉRIA IMENSIDÃO

Impacto invisível 
Incrível e sem razão 
Índice indizível 
Indivisível mundo compacto
Intransferível jogo sem pacto
Inevitável e deletéria 
Indelével imensidão

Ateu Poeta
14/04/2016

18
ILUSÃO DA MEIA-NOITE

Na escuridão vejo teu rosto.
No silêncio escuto tua voz dizendo: _vem
Mas, é só ilusão
Será loucura?

Por que a vida é tão contramão
Lirismo decadente
Crescente contradição
Enquanto o tempo nada cura?

Cada vertente a mais dura
Apenas a dúvida é pura
Mas, a ignorância é uma tortura
Uma espécie de dor sem fim

E o resto não conduz à razão
O fundamentalismo mata a fundamentação
Para longe desse abismo do cinismo da usura
Só quero o teu sorriso dentro do meu coração

Ateu Poeta
28/04/2016

19
IDIOCRACIA

Meu coração
De aflição
Já está senil
Minhas lágrimas
Sob este céu de anil
Nada sabem das esgrimas
No véu mórbido das águas
Não senti a dor
De morrer no mar
Afogados
Sem clamor
Sem nada mais para amar
Sem calor
Sendo obrigado a calar
Até o condor se esconde
Boiam corpos aos montes
Sem flor
Imigrantes
Oito mil
Nenhum ator
O que eram antes?
Fugitivos errantes
Herdeiros do caos
E da estupidez
Na febre do ódio
Na beira do cais
Exprimidos
E oprimidos
Esperando a sua vez
Dentre explosões e guerra
Correria, sangue e terra
Há tragédia em lutar e fugir
Milhões deveriam ter razões
Mais fortes que canhões
Mas se perdem em refrões
Em nome de Alá
Mohamad, valquírias
Ou sei lá
Esperando um paraíso de terror
Estouram meninas-bomba
Que nem sabem orar
Meninos embebidos
Em lavagem-cerebral
E ninguém faz nada
Pela guarda cultural
Em nome de um Deus-pastor
Todos morrem e matam
Totalmente sem valor
Mesmo budista e ateu
Entra na lista macabra
O mundo todo é fariseu
Até à última cabra
Não existe Samaria
Mas, não se estanca essa sangria
O homem é um animal em extinção
Em seu peito tem pedra
E mora um negro escorpião
À morte celebra
Com cada estúpido ritual
Sob drogas
De ervas
Que enervam o brutal
Se existisse, o que Jesus faria?
A mesma idiocracia

Ateu Poeta
31/05/2016

20
QUIMERA SEM COMPAIXÃO

A paixão é ferida aberta
Incerta
Deserta ao calvário do não
Solidão
Sob o peito sem leito
Com efeito

Faz sangrar tempestade e vulcão
Rarefeito
E sem dimensão
Ao sensato apavora
Mas, ao louco, que a ignora
Devora

Feito fera sem ração
Na prisão
Ofusca firme a razão
Nas pobres rimas do refrão
Dá vida
E guarida

Também leva ao caixão
Despedida
Há quem diga que é nobre
O desdobre
Mas, é mera evolução
Inodora solução

Sem calmaria nem compaixão
Adora
A qualquer preço
Sem demora
Nem apreço
Virar a mente do avesso

E nunca muda de endereço
Sempre aflora
Feito ferina canção
Sem ter hora
Como agora
Quimera que mora no meu coração

Ateu Poeta
01/05/2016

21
MINHA CINDERELA

Serra
És minha terra!
De ti sempre sentirei saudade
Se estou longe
A felicidade
Por inteiro se encerra
Ao amanhecer
Os passarinhos deixam seus ninhos
E transformam em orquestra
Toda a floresta
A florescer
Em festa
Até o meu quintal
Onde a verde verve vive
É tudo tão surreal...
Então, surge o vermelho sol
E Pacoti fica ainda mais bela
Do inverno à primavera
A minha Cinderela
Doce dama de aquarela
Em seu vestido de arrebol
Não entendo porque matam
As tuas árvores
E o teu rio
Destruindo o brio
Da tua atlântica mata
Gente ingrata!
De mente abstrata
Cabeça putrefata
E coração sombrio

Ateu Poeta
19/06/2016

22
AVE CRATENSE

Um dia, em vão
A andorinha fez verão
Sozinha
Só para afrontar a doninha

A coruja e o escorpião
Derreteu com o Sol arquimédico
O icário jargão de erro crasso
Ave sisífica, atlântica, tyrância ao fracasso

Thórica, herculana, cratense
Jorgiana, viriatônica, eratosteniense
Horânica, dionisíaca, prometeriana
Um forense sabe que um átomo atônito

Explode um big-bang catastrófico
Nada é mais histórico que o sangue
Jorrando eufórico
Em jarro jordânico

Ateu Poeta
28/07/2016

23
MUITO MAIS QUE LINDA

Ela faz pose
Pro close
Muito mais que linda!
O meu coração para
 Dispara
Vem bagunçar a minha vida

Se está longe nada tem sentido
Não há caminho ou direção
Tudo é monotonia
Agonia
Infelicidade
Sem razão

A alegria mora no seu abraço
No desenho do seu corpo, enfim
Seu sorriso é um pecado
Demônio, musa e querubim
Estou louco para ser beijado
Por essa boca de carmim

Ateu Poeta
06/10/2016

24
ESFINGE

Dá bola
Faz charme
Manda seu olhar sedutor
Em seguida finge que me esqueceu

Esnoba
E diz que não quer mais
Mas, agora que estou em outra  
Vem correndo atrás

Qual é a sua?
Muda mais de fase
Do que a Lua
Qual é a sua?

Já deu, já deu!
Agora quem não quer sou eu

Ateu Poeta
22/10/2016

25
A IDEIA

A erva
 A Matriz
E a caverna
É tudo da mesma madeira

De lei
O coelho sai da cartola
De novo o mesmo sonho eu sonhei
Outra vez me hipnotizei pelo teu olhar

Se foi delírio
Ou paixão
Nunca saberei
A mesma ilusão a me acorrentar

A ideia fere, ferra e liberta
Mas, qual a errada e qual a certa?

Ateu Poeta
20/10/2016

26
TAMBORES DA MOCIDADE

A tenaz tristeza
Arranca a certeza
Sonho e sentido do cantar
A saudade se infiltra
Na felicidade
Que faz o mundo suportar

Será que poderei te esquecer
E manter a sanidade?
O brilho dos teus olhos faz fenecer
Sem saber a realidade
Não adianta paixão ter
Sem o sabor da cumplicidade

Tua beleza
Espalha a leveza
Pelos caminhos da minha cidade
Não é só questão de prazer
Mas, do coração bater
Feito os tambores da Mocidade

Ateu Poeta
25/06/2016

27
FEITO FLECHA

Teu sorriso sonhos reverbera
Ao desiderato arremessa
E feito flecha atravessa
Cada artéria do coração

Em ti tudo é frenesi
O teu corpo é canção
Que abala qualquer estrutura
Porque tua boca é a paixão em si

Que deixa sem chão
Qualquer ser são
Mesmo na noite mais dura
No Inferno, no inverno, no Céu

Ou na beira do cais
Sem sombra ou chapéu
A razão aqui jaz
Nos filamentos neurais

Tua imagem altera
Os pilares da imaginação
O universo se alitera
Sob a tua gravitação

Que causa caos
A calmaria não existe
O instinto desliza em tuas curvas
Tênues, tenazes e turvas sinfonias

Vinho tinto que insiste
Em avermelhar o sol
Quem dera, na primavera
Ser em teu seio arrebol

Ateu Poeta
26/06/2016

28
SONETO PERFEITO

Falta criticidade
Quanto mais vazios
Mais engolem verdades
Enlatadas em barris sombrios

Sem o menor gradiente
Quem só viu o azul
Não distingue um fio de blues
De um pedaço de dente

A vaidade é vil e estridente
Fomenta a ganância do tridente
É da ciência ciente
Mas, age com falsidade e insiste

Sempre manipuladora
Águia na agulha, adora
Quando o soneto perfeito aflora
Só para provar que a perfeição não existe

Ateu Poeta
28/07/2016

29
MORFEMA SINE QUA

O poeta morreu a cantar
Sepultura em prosa e verso
Seu verbo era rimar
Sendo da serra, sonhava com o mar

Jamais aprendera a nadar
Se este poema não acabar
Ficará o dilema tal morfema sine qua
O trema, o lema, o tema, o leme teme a treva

O trevo que não se atreva na trova velejar
A trave trava a triste língua do trovão
A lava lava o meu coração levado
Não conheci Capistrano ou Caio Prado

Nem toquei “Piano bar”
Luva leve, leve o louvor comprado
Para bem longe deste livre ser!
Que ao livro da noite, em açoite

Será sino sem sina que ensina a fenecer

Ateu Poeta
28/07/2016

30
OUTRA CANÇÃO

Nunca pensei que fosse resistir
Olha, eu sei, foi melhor assim
Eu avisei, chega de indecisão
Preservarei o meu coração

Se eu errei não foi sem razão
Até criei a nossa canção
Acreditei na mesma ilusão
Vou embora agora sem refrão

Hoje cansei, mas irei até o fim
Essa é a lei do Éden-jardim
E eu nem acredito em Adão
Nem nesse Deus-imaginação

A estrada irá me conduzir
Nova jornada há de surgir

Ateu Poeta
08/10/2016

31
LINDA FEITO AMAR

Linda de se ver
Feito amar
Só me faz sofrer
E ao Sol corar

Pescoços se contorcem
Pela rua
Sem parar
Sua beleza nua

Perfuma o ar
Desiderata fascinação
Perfeição que mata
No seio da paixão

Sedução inata
Sob sua luz
O céu vai desaguar
A mata enverdecer

E a Lua sangrar
Os esses do seu corpo
Fenecem meu juízo
Já enlouqueci

Em cada contorno
Desse seu sorriso
O universo todo
Agora é só um verso

Ao seu bel prazer
Corações a acelerar
Vulcões a renascer
Na tempestade solar do seu ser

Devolva o meu coração
Em canção ou poesia
Com ou sem refrão
Serenata ou sinfonia

O tempo já passou
O mundo não para mais
Nem sei mais quem sou
Mero marujo sem cais

Ateu Poeta
27/10/2016

32
BEM CONVIVER

Chega de sonhar acordado
Eu não preciso sonhar
O que preciso é viver
Com ou sem você

Todo vício deve ser superado
Se quiser me acompanhar
É só aparecer
Não prometo Sol nem chuva

Nem uma grande fortuna
A riqueza do mundo
Se chama prazer
Talvez a felicidade

Seja estabilidade
E o bem conviver

Ateu Poeta
30/10/2016

33
FERA DOMÉSTICA

A diferença com os demais animais
É que o homem é nada mais que uma fera doméstica
De ego estratosférico e sonhos surreias
Exagerado para o bem e também para o caos

Louco por natureza, com toda certeza
Tem a febre da razão
A paixão é sua desgraça e fortaleza
Deseja ser imensidão

Ancião mesmo antes de nascer
Apenas o medo que é de um bebê
Curiosidade sem igual
Não tem limites para amar e pra sofrer

Quer ser imortal
Mas às vezes deseja matar e morrer
Quando a asa quebra
No amanhecer

Ateu Poeta
19/09/2016

34
ORQUESTRA MATINAL

Na serra
Os passarinhos 
São os orquestrantes 
Das manhãs

Sonatas Naturais
Em Pacoti 
Tenores silvestres
Que vestem o Céu de azul

Blues
Onde a poesia canta
E acalanta on blue
A tristeza fenece

Vociferam vidas
Guerras 
Paz
Conversas 

Que ao Sol tecem
Apetece ao meu coração
Voar
Em vão

Até cansar 
Na esquina 
De uma outra
 Dimensão

Aliteração 
Sem sombra 
Saber sonhar
Ser sinfonia

Sabres
Sobre sótãos 
Soltam soturnos sinais
Sóbrias sinestesias siderais

Ateu Poeta 
24/11/2016

35
PÓS-MODERNA PADARIA

A gente morre 
Quando para de sonhar
Cortem as amarras 
Da opressão

Ainda é vermelho 
O meu coração
Não desejo euforia
Nem anestesia mental

O que quero é alforria
Não aporia
Nem aporética
Mas, dialética

Menos mais-valia
Mais empoderamento cultural
Menos monarquia
Mais Padaria Espiritual

Ateu Poeta
11/10/2016

36
É PRECISO PENSAR ALÉM

Não acredito sem ver
Porque não amanheci criança
Nessa dança da ilusão eu aprendi a vencer
Nocauteando o terror de Bragança
Pus na balança para não fenecer
As chaves do Purgatório

Do Inferno e do Céu
Tão inviáveis quanto seria
Manter um escritório inteiro em um carrossel
Mente vazia é oficina da Igreja
Veja por si mesmo
E aprenda a crescer

É preciso querer mais que o pão
Circo também não sustenta
Fé não alimenta
Só fede o que lhe obriga a fazer
A verdade é tão simples
Deus não existe

E também não há perfeição
Não importa quem insiste
É sempre fraude
O Freud da revelação
Milhões se infiltram na ciência
Mas, continuam fiéis

E a fazem com grande incompetência
Feito penitências de quartéis
Conhecimento parado vira burrice
É crendice querer abafar
Chega de tanta tolice!
Não importa quem disse

Não é questão de bafafá
Para buscar a verdade é preciso coragem
A maioria ainda não aprendeu a pensar
Nem a dar os primeiros passos aprendeu
Para ir em frente
Fortaleça a sua mente aprendendo a enfrentar

Ateu Poeta
28/06/2016

37
FOME

A minha fome é de abismo
E não há aforismo melhor para cantar
Altruísmo, egoísmo e niilismo
É tudo cinismo
O mecanismo da sede é sedar
Acatar não acalanta
Muito menos encanta calar
Hoje já não tenho nome
Sou só um homem sem prata no ar
Ceder a seda cega
Não há sede melhor para segar
Celebrar o que azeda é criar azeite
Para o deleite do mar
Lua de leite em Qunran e Qatar
Catarse quase sangrando
Outro bando
Ouro brando a abandonar
Catar o que não se come
A semântica não faz a semente germinar
Minar o sonho é nunca ter lar

Ateu Poeta
07/07/2016

38
A CIDADE ONDE EU NASCI
(paródia)

"Eu só quero é ser feliz
Andar tranquilamente" na cidade onde eu nasci
"E poder me orgulhar"
Mas, para isso o tráfico tem que acabar

Pacoti já não é calmo como era antigamente
Furto, roubo e assalto por aqui anda frequente
Hoje é comum muita grade na janela
E ver delinquente solto não é coisa nada bela

O patrimônio público está ruindo
Troca-troca de prefeito, o eleito foi fugindo
Nosso rio poluído continua sumindo
Sob esgoto malfeito que o vai consumindo

Sem falar em assassinatos na região
Daqui a pouco já será um batalhão
Banco e agências já sofreram invasão
Da última vez houve grande explosão

Por aqui já tem maconha, crack e cocaína
Que se usa em cada esquina
Precisamos de maior policiamento
Não basta apenas deslocar destacamento

É preciso outra vez ter delegado
Porque o nosso povo não é gado
Facilitaria cada crime ser apurado
Não se pode deixar tudo parado

A corrupção também é grande demais
O que precisamos é de tempos de paz
Ação efetiva não se faz
Desse jeito até o turismo daqui a pouco aqui jaz

Ateu Poeta
07/07/2016

39
DIAGRAMA VERITATIS

A tragédia grega
Agrega o global
Cabal
É regra

Comédia dantesca
Tanque que nega
Crítica negra
Golpe branco

Verde franco
Amarelo ardor
Vermelha face
Azul disfarce do terror

Até o condor
Agora é abutre
A mídia nutre
A guinada à direita

Fortalece a seita
Aceita e obedece
Cada esse fenece
E aquece a suspeita

Nada endireita
Esse cifrão que enriquece
Frio lobo
À espreita

Ditadura estreita
Nem tudo se atura
Fábrica de sepultura
Escudo de tortura

Mundo mudo
Minuto de silêncio
Dura uma hora
Dura

A seta se tece
Na teia da aranha
A manha arranha
A manhã de um amanhã carece

A noite sega o sol
Açoite
Cego anzol
Caminhão

Caminho
Sozinho
Sem ninho
Um milhão

O refrão
Já não cabe na garganta
Quem canta
Não sabe o que aconteceu

O Céu nunca esteve lá
Gabriel
Soldado secular
De Israel

Sangrento Talibã
Palestina
Religião é cocaína
Minha irmã

Atira na retina
Atina
Quartel em serpentina
Sina

Ensina a não sonhar
Aquibá
Explosões por Alá
Oxalá!

Corrente do caos
Latente
Trincar o dente
Tente

Derrubar o tenente
Ou presidente
É deprimente
Ver a democracia decadente

Ateu Poeta
18/07/2016

40
EIS O DILEMA

O que merece um juiz
Que faz da Lei meretriz
Pondo em risco um país
Mandando para os confins

Tudo o que era certo?
Quando o sistema é o problema
Quem trará o trema da solução?
Eis o dilema

Cada um quer ser esperto
Beber o último gole no deserto
Deixando o rombo aberto
Esperem pelo estrondo

O trovão ainda não veio
Quem tiver receio
Que saia do meio
Pois tudo está sem freio

Ou preso no arreio
Cabresto no Brasil
Pátria amada
Mente amarrada

Guarda armada
Peito febril
Analfabetismo político nessa jornada
Adornada de ignorâncias mil

Corrupção institucionalizada
Chega a ser hediondo
É espantoso ver como são cegos
Apenas os seus egos contra o mundo se impondo

Ateu Poeta
04/07/2016

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