terça-feira, 15 de outubro de 2019

62-DESORDEM E RETROCESSO


Vamos voltar à ditadura
Com um ditador chamado Temer
Não há nada a temer
Além dessa estrutura

A História é sempre dura
Sobretudo no Brasil
Quando o golpe não é militar
É porque já é civil

Quem ama a bala e a mortalha
E com vaia se acovarda
Não passa de gentalha
Mero fogo de palha

Bombas para o caos
Deforma do Ensino Médio
A infimocracia por remédio
Amargurado tédio

Degola da democracia
Hipocrisia por gola
O colarinho se aprimora
Tudo agora é burburinho

O povo no luto luta
Porque sabe da labuta
Que essa força bruta
Jamais entendeu

Se cada direito feneceu
E até a flor amarela morreu
O sonho vermelho brota
Sem nenhuma lorota

Sabe quem não esqueceu
O que era a tortura no porão
72 horas de choques
Mutilados a reboque

Muitos toques no congelador
Solitária do terror
Pau-de-arara a rigor
Nada de tocar rock

Torre inglesa no Brasil
E na América latina
Fazem da História latrina
Com mil tiros de fuzil

Alguns salvos pela mídia nanica
Na república das bananas
Para quem nada sabe é bacana
Até o quadro de Guernica

Volta a operação condor
Com toda a dor de Cohen
Com cada robô dos quartéis
Ressuscitando os coronéis

Toda a miséria fascista
Cada gota de sangue derramado
Foi escondido
Cada grito, abafado

Corpo enterrado no quintal
Incinerado, seu Pasqual
Uns dizem que foram tempos bons
Que não existia bandido

Sabem de nada, meus caros
Estão bem escondidos
Torturadores ainda vivos
Poucos arrependidos

Ninguém anistiou Jango
Nem os desaparecidos
E os simplesmente sumidos
Sem nenhum rastro de pólvora

O que foi suprimido
Não pode ser restaurado
Só quem foi torturado
Sabe o que foi sofrido

Ateu Poeta
02/10/2016

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