62-DESORDEM E RETROCESSO
Vamos voltar à ditadura
Com um ditador chamado Temer
Não há nada a temer
Além dessa estrutura
A História é sempre dura
Sobretudo no Brasil
Quando o golpe não é militar
É porque já é civil
Quem ama a bala e a mortalha
E com vaia se acovarda
Não passa de gentalha
Mero fogo de palha
Bombas para o caos
Deforma do Ensino Médio
A infimocracia por remédio
Amargurado tédio
Degola da democracia
Hipocrisia por gola
O colarinho se aprimora
Tudo agora é burburinho
O povo no luto luta
Porque sabe da labuta
Que essa força bruta
Jamais entendeu
Se cada direito feneceu
E até a flor amarela morreu
O sonho vermelho brota
Sem nenhuma lorota
Sabe quem não esqueceu
O que era a tortura no porão
72 horas de choques
Mutilados a reboque
Muitos toques no congelador
Solitária do terror
Pau-de-arara a rigor
Nada de tocar rock
Torre inglesa no Brasil
E na América latina
Fazem da História latrina
Com mil tiros de fuzil
Alguns salvos pela mídia nanica
Na república das bananas
Para quem nada sabe é bacana
Até o quadro de Guernica
Volta a operação condor
Com toda a dor de Cohen
Com cada robô dos quartéis
Ressuscitando os coronéis
Toda a miséria fascista
Cada gota de sangue derramado
Foi escondido
Cada grito, abafado
Corpo enterrado no quintal
Incinerado, seu Pasqual
Uns dizem que foram tempos bons
Que não existia bandido
Sabem de nada, meus caros
Estão bem escondidos
Torturadores ainda vivos
Poucos arrependidos
Ninguém anistiou Jango
Nem os desaparecidos
E os simplesmente sumidos
Sem nenhum rastro de pólvora
O que foi suprimido
Não pode ser restaurado
Só quem foi torturado
Sabe o que foi sofrido
Ateu Poeta
02/10/2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário