terça-feira, 15 de outubro de 2019

90-FERREIRA GULLAR


Poesia enterrada
No tom mais profundo
Não é o poema que é sujo
É o mundo

Entre o trema
E o morfema
Houve o terror
De morrer no exílio

Terrível dissabor
Provado por muitos
Na passada ditadura
A saudade é mais dura

Portugal o premiou com louvor
Uma estrela se apaga
No seio azul do Brasil 
Já tão abalado

Por tanto golpe vil
Grande mestre
De pena imortal
Que pena que foi

Mas vive o ideal
Não parará o protesto
Nem a construção
Sob qualquer pretexto

Manifesto 
Viva a revolução!
Seja na arte
Ou na vida

Na TV
No jornal
Que não se cale
O dever visceral!

Fenomenal
Exemplo de escritor
Patriota 
E guerreiro

Sem a menor pretensão
De ser
Foi pioneiro
Reconhecido

Como merecido
A vanguarda nunca morre
A literatura é armadura
Escuto e espada

Jornada de fato sem fim
Cada um luta como pode
Ou como a ideologia manda
De pessoal demanda

Na caneta
Na baioneta
Na escopeta 
Ou no clarim

Inventar é a grande façanha
De um pensador intrínseco 
Sem planos acabados
Já que não existem sentidos nem pecados

Negando ser triste
Sem bengala de misticismos
Fez de si um gigante
Em fragmentos e aforismos

Ateu Poeta 

05/12/2016

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