76-BATALHAS DESCABIDAS
Enquanto a mídia vende cerveja
Crianças se matam com depressão
E você me vem com essa oração?
A Síria não consegue descansar em paz
Que Deus é esse que ninguém vê
Mas que mata todo mundo
Até sem querer
Em mísseis federais?
O petróleo
O dinheiro
Capitalismo
Ou sei lá o que
São bombas do terror
Religiosamente fenomenais
Criando rios de sangue
Do nunca mais
Carnificina pavorosa
Em polvorosa
Cenário assustador
Até Caronte se benze e fala:_ aqui jaz!
Aqui jaz, aqui jaz toda a ilusão
Aqui jaz, toda a glória
Todo o jargão
Já não há lágrimas
Já não há mais
Nada
Só destruição
E aqui jaz
Quais os sonhos daquele filho?
Quais os sonhos daquele pai?
A poeira se apoderou
De todo o ritual
Cemitério a céu aberto
Mesmo o condor se assustou
E cantou como o sabiá
O beija-flor já nem lembra da rosa de Hiroshima
A rima já nem cabe no computador
É tudo tão virtual
Tragédia grega
Abissal
Porque que tem que ser tão real?
Será que ainda existe humanidade
Em cada besta dentro de cada um de nós?
Ou somos nós desgarrados agarrados no caos?
Tanta sujeira no senado
Na Câmara de gaz
O meu peito feriu
Ouço a sombra de abril
O brio que falta
É tão forte
Sem norte
E tão frio
É tudo tão febril
Que o meu perfeccionismo
Com ar de cinismo se esfacela
Os que merecem cela raramente têm
Os demais nascem destinados
Às galés
A Idade das Trevas
Cutuca os meu pés
Correntes macabras da destruição
Fluxo profundo
O mundo é um vulcão
Entra em erupção a cada três segundos
Júlio Verne, me diga
É este o meu mundo?
Será tudo isso é verdade?
A loucura já virou razão?
Porque a razão agora é insanidade
Drogas se espalham pela cidade
Um golpe perfura o seio do Brasil
Coquetel molotov acendendo o pavio
A vaidade manda e a lei obedece
Enquanto a aranha na areia tece
O lírio cresce
Mas o lirismo fenece
A guerra é um delírio marcial
A corte, o corte, comercial
Estatísticas nas mentes psicopatas
Que querem dominar o mundo
com sua negras gravatas
Forjando falsas serenas
A lavagem-cerebral já não me deixa pensar
Raul Seixas a sorrir e cantar
Arco-íris em ação
Radar rondando, rotação
Nenhum diamante vale tantas vidas
Batalhas tolas, descabidas
Tão dura é a lida desses civis
Nem chegará a ser lida
Já que a História é sempre mal contada
Muitos vezes retalhada
Como um quadro de Picasso
O que Rubens escreveria nesta cena dantesca?
Dali se comoveria?
Delacroix pegaria novamente no mosquete?
Enquanto estudantes levam bala e porrete
Eu quero um foguete para morar em Marte
Porque por toda a parte
Nada há de inteiro
Só importa o dinheiro
Essa ganância
Intolerância
Desde Seth tudo só se repete
Arranca um olho daqui
Arranca um olho de lá
Segando a educação
Cegando as mentes
Dementes no comando
Apertando botões
Produzindo decretos secretos demais
Espionagem grampeada em níveis astrais
Desastres teatrais
A crise é eterna
Seja na Lua, na Rua ou na Terra
Porque a cara do homem é dizer que erra
Ateu Poeta
24/10/2016
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